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luís soares

Blog do escritor Luís Soares

Enquanto era conduzido

Vinha a pensar em quantos lugares se esconde o conhecimento do que um homem verdadeiramente é. Nos calaboiços da memória, castelos de equívocos que se amuralham no que desejamos que os outros sejam. Palácios de intenções, com jardins em forma de labirinto e salões de baile em que a música está demasiado alta para nos conseguirmos ouvir. Segredar, talvez. Quantas pessoas julgam conhecer outras pessoas? E o que sabem, na verdade, até onde conseguem chegar, descendo túneis mal iluminados, procurando cavernas onde esperam encontrar veios de ouro e o brilho de pedras preciosas. Tantas vezes, escuridão. E que lugares são estes a que chamamos cidades onde vamos deixando aos poucos as nossas vidas. Subindo aquela calçada recebi um telefonema. Naquela esquina fui assaltado, fui humilhado. À sombra bruxuleante que a copa da árvore desenha na luz do candeeiro, roubei um beijo. E no fim, no fim quando entrei no hospital era um dia lindo de primavera. Um vento morno limpava as nuvens do céu.

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