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luís soares

Blog do escritor Luís Soares

Stop, pause. We're in record.

A frase que dá título a este post provém da que é provavelmente a minha canção favorita de Laurie Anderson (o que já é dizer muito), "Same Time Tomorrow". É uma música e uma letra que me atormentam ao longo dos anos. Atormentam no bom sentido.

Lembrei-me dela depois de me pôr a pensar no aborrecimento do Brodsky, da maneira como ele fala da natureza essencialmente repetitiva e entediante do próprio tempo.

Não muito tempo depois apareceu-me à frente este texto do Brian Eno, que vai divagando sobre coisas semelhantes, a importância da lentidão e da paciência, temas que entraram também de alguma forma na minha vida em tempos recentes. O próprio texto é de 2001. Curioso nestes dias em que o twitter de há dez minutos já está ultrapassado.

Diz o Eno: "‘Now’ is never just a moment. The Long Now is the recognition that the precise moment you’re in grows out of the past and is a seed for the future. The longer your sense of Now, the more past and future it includes. It’s ironic that, at a time when humankind is at a peak of its technical powers, able to create huge global changes that will echo down the centuries, most of our social systems seem geared to increasingly short nows."

Eu sei que o senhor Eno estava mais a pedir-nos para sermos responsáveis e termos perspectiva sobre o passado e o futuro, mas eu sempre disse "quando for grande, quero ser irresponsável". Gosto só da ideia de um imenso aqui e agora.

Dito isto, apetece-me passar umas horas na cama, na ronha, a apreciar a sonolência e o calor do edredon.

E enquanto escrevo estas palavras, ouço a Billie Holliday a cantar "Darn That Dream". Não é engraçado quando tudo se encaixa?