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luís soares

Blog do escritor Luís Soares

Em Silêncio, Amor

"Em Silêncio, Amor" é o meu terceiro romance e também o mais curto. Pode ser comprado online no site wook.pt, clicando aqui, ou no site Mediabooks, clicando aqui. É também o meu primeiro romance contemporâneo deste blog, por isso teve direito a mais posts sobre ele, incluindo uma espécie de posfácio.

 

De onde veio este livro?

Nasceu, como os outros, de uma multiplicidade de histórias e personagens ganhando vida na minha cabeça, sobretudo no contexto de lugares específicos. Curiosamente, o resultado final é provavelmente o mais compacto em termos de lugar, personagem e história, de tudo o que escrevi até hoje.

Originalmente foi pensado para ser um conjunto de contos, eventualmente histórias de Natal, inspirados pela multiplicidade que o ritmo anónimo das grandes cidades me inspira. A cidade era Nova Iorque mas perdeu o nome, no texto final. Como me costuma acontecer, esta ideia cruzou-se com outras, aprofundando um tema que já me tinha apetecido tratar (embora pela rama) em "Os Adultos", o da escrita e dos seus processos.
Mais do que isso, contudo, "Em Silêncio, Amor" é um livro sobre aqueles momentos especiais, que podem durar segundos ou anos, em que decidimos a nossa vida ou a avaliamos, em que olhamos espantados para os que nos rodeiam e para os que fazem falta ao nosso lado, como se fosse a primeira vez que os vissemos ou pela primeira vez reparássemos na sua ausência.

 

Outros tempos

É igualmente a primeira vez que me atrevo a lançar um brevíssimo olhar sobre uma hipótese de futuro, apenas vislumbrado. É um tema a que me apetece voltar, sobretudo depois de ter lido livros como "Specimen Days", de Michael Cunningham, "Cloud Atlas",  de David Mitchell, "The Road", de Cormac McCarthy ou "Towards the End of Time", de John Updike. No futuro, logo se vê o que se passará com o futuro.
E música, claro. De novo volta a ter um papel preponderante, dando título a capítulos, fazendo parte intensa e intrínseca da vida das personagens. Uma nota aqui para Bernardo Sassetti, o mais prolífico e, na minha opinião, um dos mais brilhantes pianistas portugueses da actualidade. A sua banda sonora para "Alice", "indigo", "Nocturno", "Ascent" e "Dúvida (1964)" deviam fazer parte de qualquer colecção. Alguma dessa e outra música pode ser ouvida aqui abaixo. Uma nota também para Tom Waits cuja voz se "ouve" no livro, mas mais do que isso, para quem o quiser descobrir.

 

Há sempre arte dentro do que escrevo
E há a pintura. As referências explícitas a  Mark Rothko e Edward Hopper são mais do que pistas. A história-dentro-da-história "As Três Bruxas de Truro", tal como o contexto em que Tom a escreve são integralmente inspirados pela pintura de Edward Hopper, o seu lado mais nocturno e urbano, as férias que passava na costa de Cape Cod, as suas figuras solitárias e as suas cores fortes. Truro, aliás, é o nome da terra onde durante anos, Hopper passou férias.
Mark Rothko tem uma presença explícita na parede dos Wartet mas, mais do que isso, é um pintor que, na minha opinião de leigo, procurava na pintura o mesmo que Hopper, isto é, a essência da solidão humana, na contemplação das suas luzes e sombras, dos seus lugares interiores e exteriores. E pouco me interessa se para Rothko esta busca era essencialmente abstracta e para Hopper de um falso figurativismo.

 

E a poesia também.
Por fim, os poetas, também. A poesia anglófona em geral e americana em particular, acompanhou-me na escrita e, tal como comigo, acabou por soar permanente e e incontornável, aos ouvidos do velho Tom. Mas mais sobre isso noutro post.

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