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luís soares

Blog do escritor Luís Soares

Sobre o Ártico.

A notícia de que John McCain escolheu a governadora do Alasca, Sarah Palin, para sua candidata a vice-presidente foi a gota de água (ou cubo de gelo) que me faltava para me lançar em algumas reflexões sobre o Ártico, depois das fotografias de Gautier Deblonde (uma daquelas aqui ao lado) que vi na Granta 101 e de uma série de artigos da Monocle que me tinham despertado interesse ainda em 2007.

Do aquecimento global, já todos ouvimos falar, da hipótese de um Polo Norte em breve sem gelo, alguns também, quanto mais não seja por culpa do senhor Gore que trouxe o assunto para a atenção global, com maior ou menor demagogia.

A subida do preço do petróleo e as perspectivas da sua escassez perante a procura actual e futura têm-nos ido ao bolso. Alguém me disse recentemente que a Gronelândia andava à procura de se tornar independente da Dinamarca. Só mesmo o facto de até agora ser terra gelada pode ter tornado real esta estranha dependência política. A isto tudo some-se que estou certo de que a exploração dos recursos naturais do Alaska vai ser tema na campanha presidencial norte-americana. O Canadá torna-se também um país maior, para já não falar da Rússia e do ressurgimento de cidades em tempo praticamente mortas, como Murmansk.

Eu sei que ainda nos andamos a distrair com o Médio Oriente e o Cáucaso, mas talvez não me engane muito se alvitrar que daqui a uns anos o nosso olhar vai estar mais a Norte, onde se vão abrir novas rotas por mar, novos turismos, novos conflitos, provavelmente por causa dos tais recursos que vamos querer explorar.

Não estive mais ao norte do que Oslo, capital da Noruega, uma pequena cidade com muito verde, no fundo de um magnífico fiorde, com uma aparente qualidade de vida invejável, numerosas livrarias e teatros e também imigrantes e sem-abrigo.

Não vou tirar conclusões nem lançar mais palpites, foi só uma chamada de atenção de alguém que vive num país daqueles que fica no Sul do Norte do mundo.