This is a clip from a documentary that ran on network educational television in early 1969. In it, poet and author James Baldwin gives his perspective on why inner-city Negro citizens rioted and burned their neighborhoods in 1968.
Começa hoje e acaba dia 14, o IndieLisboa 2017. São cerca de trezentos filmes para ver (mais filme, menos filme) e eu vou ver uma dúzia (mais filme, menos filme). Dois deles ficam aqui abaixo, abertura e encerramento.
In his new film, director Raoul Peck envisions the book James Baldwin never finished - a radical narration about race in America, using the writer's original words. He draws upon James Baldwin's notes on the lives and assassinations of Medgar Evers, Malcolm X, and Martin Luther King Jr. to explore and bring a fresh and radical perspective to the current racial narrative in America.
"One of the best movies you are likely to see this year." - Manohla Dargis, The New York Times
In his new film, director Raoul Peck envisions the book James Baldwin never finished - a radical narration about race in America, using the writer's original words. He draws upon James Baldwin's notes on the lives and assassinations of Medgar Evers, Malcolm X, and Martin Luther King Jr. to explore and bring a fresh and radical perspective to the current racial narrative in America.
"One of the best movies you are likely to see this year." - Manohla Dargis, The New York Times
Michael Haneke é um realizador que gosta de mexer com a cabeça dos seus espectadores. Gosta de entrar lá dentro, passear-se, fazer umas acrobacias, esfurancar, fazer ferida e esfregar sal no fim. Por vezes nem é isso, gosta só de incomodar, gerar uma espécie de voyeurismo desconfortável um pouco parecido com o suor que se cola na pele em dias de grande calor.
Vi poucos filmes dele, o "Funny Games" original, "A Pianista" e agora "Caché", mas todos me deixaram um pouco desorientado entre estas sensações.
Em "Caché", Daniel Auteil e Juliette Binoche vivem numa Paris de mito, entre a cultura e os amigos, a educação e o dinheiro, livros e televisão. Nem sequer é a Paris dos turistas, é uma espécie de sombra que Paris gosta de deixar sobre o resto das cidades da Europa, como se todos os seus habitantes fossem aspirantes a Bernard Pivots e Catherine Deneuves, ou se calhar Sartres e Beauvoirs, perdoem-me os plurais.
Haneke descontrói essa cidade, perfurando a própria natureza da imagem para vasculhar nos complexos dos franceses e da sociedade contemporânea, levando-nos com a sua câmara ao campo senhorial e às Habitações de Renda Controlada, com o mesmo desconforto intrigante. Mais ainda, move-se com destreza entre a intimidade do casal e o espaço público, criando um espelho distorcido que nos leva como num jogo de ténis a seguir a bola de um lado para o outro. De quem é aquele olhar? Dele, só dele.
É claro que ver este filme me levou de volta às minhas considerações e divagações sobre a mitologia das cidades - precisamente na maneira como são feitas do pormenor ínfimo e do plano geral - e, logo de seguida, num encaixe perfeito, a um diálogo do livro que ando a ler, "Giovanni's Room" do James Baldwin:
'You are an American?' he asked at last.
'Yes,' I said. 'From New York'.
'Ah! I'm told that New York is very beautiful. Is it more beautiful than Paris?'
'Oh, no,' I said, 'no city is more beautiful than Paris -'
O diálogo continua, brilhante, mas para o resto, têm de ir ler. Está na página 29 da minha edição, que é a da colecção Great Loves da Penguin, quem tem além do mais magníficas capas - se clicarem nesse link há uma breve entrevista com o respectivo designer.
Uma última nota. Vi o "Caché" em blu-ray e perdoem-me todos os blockbusters digitais e os seus especialíssimos efeitos, mas a nitidez de Paris, clara a cortar à faca, na imagem de Haneke deixou-me mais uma vez enamorado da alta definição.