Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

luís soares

Blog do escritor Luís Soares

Audiências de TV.

Seguir as audiências de televisão e demais comentários no blog do Jorge Mourinha, está a tornar-se um hábito interessante. Até porque é assunto que tende a interessar-me cada vez mais. Nada falta, como se fosse um campeonato de futebol ou uma telenovela: a liderança da TVI, o hábito enraizado de que a melhor informação é a que vem de um organismo público, as tentativas da SIC de recuperar audiência.

Harvey Milk

Costuma ser-me irrelevante se um filme é ou não baseado em factos reais, mas este artigo vale a pena. Dan Nicolletta, amigo de Harvey Milk, partilha e comenta algumas das suas fotos, documentos interessantes, curiosos, escabrosos, de uma época, de um local, de um estilo de vida e de uma causa.

Dança da Solidão.

Os Deolinda podiam só ter escrito, musicado e cantado a frase "timidez ata-me a pedras e afunda-me no rio", que eu já ia gostar deles, mesmo não sabendo falar de amor. Por um motivo qualquer, é uma frase da mesma natureza da "Dança da Solidão" da Marisa Monte. Aqui, abaixo.

Tom Barman & Guy Van Nueten

Há uns anos, não me recordo quantos, eu era fã da banda belga dEUS. Ainda sou, mas menos. Na altura ouvia repetidamente os albuns, do rock mais delirante ao acústico mais intimista. Confesso que o acústico ouvia mais vezes.

Há uns anos, continuo sem me recordar quantos, o vocalista dos dEUS, Tom Barman, fez uma tournée acústica, acompanhado pelo amigo e pianista Guy Van Nueten. Vi-os no Paradise Garage e foi uma revelação. Corri a comprar o CD duplo quando saí e ainda hoje o ouço (está no carro, com mais uma mão cheia).

O repertório é variado, incluindo músicas de dEUS que eu já adorava ("Nothing Really Ends", "Little Arithmetics", "Serpentine" ou "Right As Rain" - abaixo, em vídeo, na televisão italiana em 1995), mas também covers escolhidas a dedo, de Joan Mitchell a Nick Drake, passando por um curtíssimo "My Funny Valentine".

 

 

Benjamin Button.

Estava a ver este video e a pensar na maneira como as pessoas opinam sobre o novo filme de David Fincher, sobretudo depois das nomeações para os óscares. Eu acho que o problema é não haver um óscar para a ternura, outro para a melancolia.

Posso concordar que não é o filme do ano, porque os filmes definem-se e discutem-se em categorias organizadas, o argumento, as personagens, os actores que as interpretam, a realização, os efeitos especiais, a banda sonora. Mesmo que queiramos escapar aos limites dos prémios, é assim que acabamos a discuti-los a maior parte das vezes.

Contudo, em todos os momentos deste longo filme, perpassa como um plano sequência, essa melancolia do tempo e dos seus desencontros, da velhice e da infância e desse tempo que pretendemos um planalto a que se chama idade adulta. "Pretendemos" é o termo chave aí.

Que momento é o momento certo para conhecer outra pessoa? Em que ponto do caminho? O que é ser novo ou ser velho? Uma sociedade que se "adolescentiza" a grande velocidade, por força do impulso da permanente insatisfação consumista, não pode ter respostas fáceis para estas perguntas. Parecemos todos, a certa altura, ter dezasseis anos e à espera que nos "vendam" uma identidade.

Quando Benjamin e Daisy finalmente caem nos braços um do outro, o filme ganha um tom quase kitsch, de um kitsch americano que me lembra a pintura de Edward Hopper. Mas eu fui daqueles que nunca achou o Edward Hopper um verdadeiro realista. Em que mundo existem verdadeiramente aquelas figuras solitárias entre luz, sombra e cores?

Incomoda-me um pouco, ter de discutir este filme como cinema, embora seja inevitável. Preferia discuti-lo como um poema da Sharon Olds ou da da Mary Howe. Ou mesmo um dos tais quadros do Hopper, um bailado da Pina Bausch.

Este filme de mitos e tempos e viagens, talvez não seja o filme do ano, mas não é definitivamente uma experiência que se deva perder.

Clip clip clip.

O movimento foi primeiro democrático e anárquico, fazendo uso de plataformas abertas e tecnologias de fácil utilização, mas todos os grandes detentores de conteúdo audiovisual estão agora a saltar para o online como plataforma de distribuição e rentabilização dos seus vídeos.

É claro que o valor dos catálogos entra de novo aqui em jogo. O New York Times publicou um artigozinho interessante sobre esse trabalho que é percorrer arquivos, bibliotecas de vídeo em busca de segmentos, clips, pequenos apontamentos, susceptíveis de ser consumidos como snacks online e consequentemente gerar receitas.

O artigo em causa usa o Discovery Channel como exemplo e é um bom exemplo: a maior parte é produção própria, os direitos estão garantidos e muito do conteúdo é intemporal. Não é por isso que deixa de ser necessário ter uma equipa a revê-lo e editá-lo para publicação online.

Portugal é um país mais gerido a benchmarking - vulgo, imitação - do que inovação, o que quer dizer que esperamos para ver antes de avançar, na maior parte dos casos. Não surpreende, por isso, que não haja ainda uma atitude de valorização coerente e consequente dos patrimónios audiovisuais que por cá existem - do ANIM / Cinemateca aos canais de televisão, com particular destaque para o arquivo da RTP.

A mensagem contudo é de esperança. No SAPO, na RTP, na Impresa, com maior e maior dificuldade, com maior ou menor inteligência editorial e comercial, há gente a lutar para mudar este estado de coisas.

Pág. 1/7