Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
A Sombra do Jacarandá
À porta da Dona Rita, nasceu um jacarandá,
quem pisar a sua sombra, logo se emprenhará.
Dona Rita a pisou e com barriga já está.
Seu pai está desconfiado, vem dizer-lhe um olá:
- Tu que tens Ritinha, filha? Andas com a cara má?!
- É uma dor de barriga, passa com um guaraná.
O pai manda vir doutores, dos melhores que p'rai há.
Todos confirmam à Rita: - Um bebé! Quem é o papá?
- Doutores não digam nada, que meu pai está meio gagá,
se ele descobre isto, manda-me p'ra Massamá.
Um dia passeia Rita, por aí ao deus-dará,
nasce enfim a criancinha, que sorte que ninguém está.
- Valdevinos, acudi-me! Despacha-te, anda cá!
Leva daqui a criança, ou meu pai nos matará.
Seu pai passava ali: - Valdevinos?! Estás por cá?
O que é que levas aí? Nessa capa, acolá?
- Não é nada, ó Dom Nuno, apenas maracujá.
- Eu adoro, dá-me um, por estas bandas não há.
Da capa de Valdevinos, solta-se um gugu-dadá.
Pai da Rita não é burro, ainda não está gagá:
- Que linda arvorezinha de flores roxas que ali está!
Deitaste-te à sombra dela? Foi bonita a festa, pá?
Agora casas com a Rita, podes chamar-me papá.
- Eu casar com Ritinha? Ó Dom Nuno, é p'ra já!