Sim, o Instagram é uma perversão curiosa, fotos digitais com efeitos que simulam um analógico imaginário, uma estratégia forçada que mexe nas cores, contraste, foco e moldura para inventar imagens só vagamente baseadas na realidade. Não deixa de haver resultados interessantes. Por exemplo, a Cristiana descobriu que uma foto que eu fiz no Cais do Sodré tinha um parentesco com Summer Clouds, óleo sobre tela de Emil Nolde, pintado em 1913.
there is always somebody or something waiting for you, something stronger, more intelligent, more evil, more kind, more durable, something bigger, something better, something worse, something with eyes like the tiger, jaws like the shark, something crazier than crazy, saner than sane, there is always something or somebody waiting for you as you put on your shoes or as you sleep or as you empty a garbage can or pet your cat or brush your teeth or celebrate a holiday there is always somebody or something waiting for you.
keep this fully in mind so that when it happens you will be as ready as possible.
meanwhile, a good day to you if you are still there. I think that I am--- I just burnt my fingers on this cigarette.
Falarei sobre a lentidão mais tarde, tenho algumas coisas para dizer sobre o assunto, mas este projeto do artista americano David Michalek pôs-me de novo a pensar desde já.
Michalek pegou num grupo variado de artistas, bailarinos e atores (alguns mais conhecidos como Holly Hunter, William H. Macy, David Patrick Kelly, Patti Lupone, Liev Schreiber, Ludovine Seigner ou Alan Rickman - abaixo). Encenou com eles pequenos momentos dramáticos de duração curta, alguns segundos. Filmou-os com câmaras de muito alta definição em câmara muito lenta e o resultado foram filmes de minutos que prolongaram a ação, o drama, nos permitem olhar o seu tempo, o momento, a emoção de maneira diferente. Portraits in Dramatic Time foi apresentado publicamente projetado numa das fachadas do Lincoln Center, fazendo explodir ainda mais a possível intimidade da cena.
Não são temas novos para este artista casado com uma bailarina, ambos exploradores do tempo, do movimento, da emoção. No seu site há um outro projeto que está assinalado como work in progress e tem o sugestivo nome The Joban Fugue, tomando o Livro de Job como ponto de partida numa descoberta multidisciplinar de história e moralidade.
Os vídeos aqui abaixo são o trailer dos retratos em tempo de drama e um exemplo com Alan Rickman.
Abaixo, ao centro, uma Crucifixão de Antonello da Messina. Pintou três, esta é a de 1454-55. O que acho mais interessante é como nestas cenas religiosas o êxtase se disfarça de dor ou o contrário, não chego a perceber. Parece-me evidente nos pormenores dos dois ladrões.
No meu país não acontece nada à terra vai-se pela estrada em frente Novembro é quanta cor o céu consente às casas com que o frio abre a praça
Dezembro vibra vidros brande as folhas a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal que o mais zeloso varredor municipal Mas que fazer de toda esta cor azul
Que cobre os campos neste meu país do sul? A gente é previdente cala-se e mais nada A boca é pra comer e pra trazer fechada o único caminho é direito ao sol
No meu país não acontece nada o corpo curva ao peso de uma alma que não sente Todos temos janela para o mar voltada o fisco vela e a palavra era para toda a gente
E juntam-se na casa portuguesa a saudade e o transístor sob o céu azul A indústria prospera e fazem-se ao abrigo da velha lei mental pastilhas de mentol
Morre-se a ocidente como o sol à tarde Cai a sirene sob o sol a pino Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?
Há neste mundo seres para quem a vida não contém contentamento E a nação faz um apelo à mãe, atenta a gravidade do momento
O meu país é o que o mar não quer é o pescador cuspido à praia à luz pois a areia cresceu e a gente em vão requer curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia
A minha terra é uma grande estrada que põe a pedra entre o homem e a mulher O homem vende a vida e verga sob a enxada O meu país é o que o mar não quer