Adília Lopes - Na Ilha de If
Resta-me
correr
célula a célula
e assim
percorrer
no sentido contrário
ao dos ponteiros do relógio
a velha prisão
da Ilha de If
Há uma lápide
que assinala
protestantes
mortos
A cadeia
do ser
a grande
cadeia
do ser
elo a elo
cela a cela
célula a célula
degrau a degrau
Deus circula
O imóvel
castelo de If
onde outrora
tremia o teixo
Em francês
If
é teixo
nome de árvore
Enquanto a guia local
debita histórias
eu corro
pelo local
cela a cela
degrau a degrau
sem nunca
por nunca
me desequilibrar
Adília Lopes, 'Capilé', Lisboa, Edições Averno, 2016