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luís soares

Blog do escritor Luís Soares

Sobre sexo.

Confirma-se o que tinha dito aqui, que a voz do narrador de Philip Roth em "O Animal Moribundo" era particularmente difícil de passar ao cinema, pela sua energia política, física, primária, sexual. O livro quase me pareceu um posfácio a "The Human Stain", pelo menos alguns dos seus temas: a velhice; o sexo; o puritanismo hipócrita de uma certa América; a hipótese de liberdade (também sexual) como princípio fundador de um país.

No filme de Isabel Coixet, a força das palavras de Roth passa algo diluída, mas não creio sinceramente que, em filme, fosse possível fazer muito melhor. Talvez se o realizador fosse David Cronenberg, a ver o que faz de "Cosmopolis" e respectiva alucinação.

É verdade que os americanos elegeram pela primeira vez um afro-americano para presidente, o que de alguma forma se liga também aos temas do "The Human Stain" e que o país, de um modo geral, parece obedecer cada vez menos à matriz anglo-saxónica puritana que o fundou, mas exactamente em que momento é que os Estados Unidos se tornaram a medida moral do mundo, no que ao sexo diz respeito?

A Disney continua a exportar a inenarrável "pureza" dos Jonas Brothers, só para citar um exemplo de como a indústria do entretenimento e a moral americana estão ligadas numa estranha cruzada.

Seja como for, fico curioso para ver o próximo filme de Isabel Coixet, o "Mapa dos Sons de Tóquio":