Dejima (Japanese: 出島?, "protruding island"), in old Western documents latinized as 'Decima', 'Desjima', 'Dezima', 'Disma', or 'Disima', was a small fan-shaped artificial island built in the bay of Nagasaki in 1634 by local merchants. This island, which was formed by digging a canal through a small peninsula, remained as the single place of direct trade and exchange between Japan and the outside world during the Edo period. Dejima was built to constrain foreign traders as part of sakoku, the self-imposed isolationist policy. Originally built to house Portuguese traders, it was used by the Dutch as a trading post from 1641 until 1853. Covering an area of 120 m x 75 m (9000 square meters, or 0.9 hectares), it later was integrated into the city.
Shot myself through the roof of my mouth at five A.M. this morning with VA.'s Luger. (...)
Knew I'd never see my twenty-fifth birthday. Am early for once. The lovelorn, the cry-for-helpers, all mawkish tragedians who give suicide a bad name are the idiots who rush it, like amateur conductors. A true suicide is a paced, disciplined certainty. People pontificate, "Suicide is selfishness." Career churchmen like Pater go a step further and call it a cowardly assault on the living. Oafs argue this specious line for varying reasons: to evade fingers of blame, to impress one's audience with one's mental fiber, to vent anger, or just because one lacks the necessary suffering to sympathize. Cowardice is nothing to do with it – suicide takes considerable courage. Japanese have the right idea. No, what's selfish is to demand another to endure an intolerable existence, just to spare families, friends, and enemies a bit of soul-searching. The only selfishness lies in ruining strangers' days by forcing 'em to witness a grotesque-ness. So I'll make a thick turban from several towels to muffle the shot and soak up the blood, and do it in the bathtub, so it shouldn't stain any carpets. Last night I left a letter under the manager's day-office door – he'll find it at eight A.M. tomorrow – informing him of the change in my existential status, so with luck an innocent chambermaid will be spared an unpleasant surprise. See, I do think of the little people.
Don't let 'em say I killed myself for love, Sixsmith, that would be too ridiculous. Was infatuated by Eva Crommelynck for a blink of an eye, but we both know in our hearts who is the sole love of my short, bright life.
(...)
People are obscenities. Would rather be music than be a mass of tubes squeezing semisolids around itself for a few decades before becoming so dribblesome it'll no longer function.
Luger here. Thirteen minutes to go. Feel trepidation, naturally, but my love for this coda is stronger. An electrical thrill that, like Adrian, I know I am to die. Pride, that I shall see it through. Certainties. Strip back the beliefs pasted on by governesses, schools, and states, you find indelible truths at one's core. Rome'll decline and fall again, Cortés'll lay Tenochtitlan to waste again, and later, Ewing will sail again, Adrian'll be blown to pieces again, you and I'll sleep under Corsican stars again, I'll come to Bruges again, fall in and out of love with Eva again, you'll read this letter again, the sun'll grow cold again. Nietzsche's gramophone record. When it ends, the Old One plays it again, for an eternity of eternities.
Time cannot permeate this sabbatical. We do not stay dead long. Once my Luger lets me go, my birth, next time around, will be upon me in a heartbeat. Thirteen years from now we'll meet again at Gresham, ten years later I'll be back in this same room, holding this same gun, composing this same letter, my resolution as perfect as my many-headed sextet. Such elegant certainties comfort me at this quiet hour.
Na mitologia grega, Atlas era o titã que segurava a esfera celeste. Está na etimologia do Oceano Atlântico, da ilha perdida de Atlântida e deu, é claro, nome aos montes Atlas no norte de África, em cujas cavernas se passa uma das partes de "Em Silêncio, Amor".
Embora se publicassem coleções de mapas desde os tempos de Ptolomeu, a associação do nome do titã a tais coleções ocorreu pela primeira vez na publicação em 1572 de Tavole Moderne Di Geografia De La Maggior Parte Del Mondo Di Diversi Autori de Antonio Lafreri. Isto segundo Ashley Baynton-Williams, citado pela Wikipedia, ela própria uma espécie de atlas do conhecimento com o mesmo grau de imprecisão dos mapas de quinhentos.
A imprecisão desses primeiros atlas invoca sempre na minha memória o conto de Borges, "Del Rigor En La Ciencia" e a ambição desmedida de construir um mapa tão perfeito do território que se substitua ao território. Não me parece muito longe do que hoje se passa e em alguns casos a ambição acaba por se transformar em hubris.
Seja como for, se na tecnologia a conversa é complexa, demorada e não para este post, na arte tenho uma dificuldade mais imediata em censurar a ambição, a loucura, a coragem. Isto é verdade para um outro Atlas, o livro de David Mitchell que Andy e Lana Wachowski e Tom Tykwer transformaram em filme. Cloud Atlas estreia em Portugal dia 29 de novembro (ah, as coincidências...) e eu já o vi. Mais sobre isso nessa altura, perdoem-me isto ser apenas um teaser. Abaixo, imagem de uma das minhas cenas favoritas.
Poderá de um livro com a ambição desmesurada e conseguida de Cloud Atlas nascer um filme de igual fôlego? É que um livro assim terá dificuldade em aceitar menos que isso. É o primeiro longo trailer.
A revista New Scientist perguntou a seis autores sobre o futuro da ficção científica, alguns mais ligados ao género, outros menos. O resultado pode ser lido aqui. São eles Margaret Atwood, Stephen Baxter, William Gibson, Ursula K Le Guin, Kim Stanley Robinson e Nick Sagan.
A questão de base é interessante, nascendo de um sentimento dominante de irrealidade que a mobilização da sociedade pela técnica e a "crise permanente" trazem às sociedades contemporâneas. Esta omnipresença da tecnologia e a questão do "futuro" são traços tradicionais na ficção científica que estão a passar para a chamada literatura tradicional, nomeadamente em alguns dos meus autores favoritos como Michael Cunningham e David Mitchell.
Passe a imodéstia na comparação, também no que escrevo os temas da ficção científica parecem transparecer cada vez mais. Todo um capítulo de "Em Silêncio, Amor" passava-se já no futuro.
O livro é de 2004, mas eu li-o em 2005, numa versão de bolso, paperback, como se faz no mercado literário inglês. Descobri-o ontem traduzido e editado em Portugal, com uma capa desmaiada, que não faz justiça ao virtuosismo da escrita de David Mitchell.
O senhor escreve bem e tem uma capacidade notável para assumir as vozes mais diversas, atravessando séculos e geografias, nacionalidades e estilos. Por vezes resvala para o pastiche, eventualmente, mas de um modo geral embala-nos e sacode-nos o cérebro, na mudança de um registo para o outro.
No livro seguinte de David Mitchell, aliás, ele assume notavelmente uma voz adolescente e autobiográfica em doze pequenos contos ligados pela progressão dessa primeira pessoa, um Adrian Mole deste século. Chama-se "Black Swan Green".
A isto some-se a preocupação formal na estrutura, desenhada com cuidado, história dentro de história, atravessando concentricamente o tempo.
Lembro-me de ouvir Bob Wilson dizer uma vez numa conferência como desenhava os seus espectáculos a partir de coisas tão simples como simetrias numéricas ("este espectáculo terá uma progressão em sete partes, seguida de uma resolução em outras tantas"), um pouco como imagino a composição de algumas peças musicais de Bach, por exemplo.
É claro que o formalismo neste caso (como no de Bach), ajuda a enquadrar a inventividade do texto e aquilo que ele desperta em nós de emoções. E como diz o outro, a inveja é sempre uma forma de elogio.